Esta inserção deu aquela mão-de-obra, mas não terei página ou blog em provedor que, desde que me associei a ele, me tratou, como diz o José Simão, "com nojo de nóis" e permitiu com que os piolhentos que trabalham – terceirizados, com certeza – recebessem todas as minhas reclamações e as tratassem como se o suíno capado-mor é que pagasse melhor por fora.

Reage, Brasil!

De Pedro Simon

 

Só para variar, um dos expoentes máximos da vida político-partidária do Brasil (apesar do lamentável partido a que pertence, mas não por culpa dele; afinal, meu pai, também, foi um dos primeiros integrantes, portanto um dos fundadores, do ex-MDB em Itu e, mesmo com a “nova” sigla – PMDB – não se prostituiu – bem como meu pai jamais se prostituiu – nem tornou-se PSDB – bah, chê, vade retro, chê), a saber, PEDRO SIMON, expressou-se, muito antes de mim e com melhor capacidade, a respeito do limite perverso entre ser cidadão e ser inerte piolhento (lesado pelo crime organizado que afana e faz uso pessoal de dinheiro público). Se o PMDB ainda tem alguma credibilidade, deve-a a cidadãos como PEDRO SIMON que, sempre que se candidatar a Presidente, mesmo que tenha apenas dois votos, pode contar que um foi meu.

Uma das mais atrozes dores de alma é assistir os bens imóveis de minha família – todos adquiridos por meios lícitos, honestos, com impostos em dia) serem destruídos, vandalizados, invadidos, furtados pelos lacaios piolhentos do crime organizado e as autoridades acionadas por devidos Boletins de Ocorrência continuarem inertes, como se estivessem lucrando com isso. Será que pensam que os especuladores de imóveis entregarão esses imóveis a elas? Continuem a sonhar, suínos capados, pois a antropofagia faz parte do ritual do crime organzado. Por esse motivo são chamados, por mim, de suínos capados: porque estão sendo "cevados" e serão abatidos quando o crime organizado considerar ser o momento correto, pois são "descartáveis".

Tem gordo, tonto, cujo cérebro está tomado pela gordura, sendo convencido de que suíno capado é para ele, porque é gordo. Não, suíno capado, você não é necessariamente gordo, basta ser lacaio do crime organizado ou lambe-botas ou subalterno que, quando eu entro no recinto, quer mostrar serviço para o "patrão" que você sabe que está me acompanhando.

 

Reage, Brasil!

PEDRO SIMON


Não creio que as mudanças venham de dentro para fora. Daí a conclamação. Que o povo brasileiro ocupe as ruas e exija mudanças de atitude


EU TIVE o cuidado, nesses dias, de reler os meus pronunciamentos, nos últimos 15 anos, sobre corrupção e desvios de recursos públicos. Fiquei, primeiramente, impressionado com a quantidade. Mas o que mais me impressionou nessa minha volta a um passado não tão recente é a atualidade de todos os meus discursos. Eu poderia escolher, aleatoriamente, qualquer um deles e repeti-lo, hoje. Mudaria o nome da operação da Polícia Federal ou o da CPI. O dos atores envolvidos, nem sempre.
Imagine a implantação, como eu defendi, já em 1995, da chamada CPI dos Corruptores. Na verdade, ela se confundia com uma CPI das Empreiteiras, tão reclamada agora. A comissão morreu no nascedouro, pela falta de vontade dos partidos e dos líderes partidários de investigar os desvios que, já então, povoavam a imprensa.
Se ela se concretizasse, não haveria hoje, quem sabe, necessidade da Operação Navalha, nem da Xeque-Mate, nem das outras operações e CPIs anteriores, como a dos Sanguessugas, a das Ambulâncias, a do Mensalão, a dos Correios, a Furacão, a Gafanhoto, a Matusalém, a Anaconda e tantas outras, com suas respectivas e criativas nomenclaturas.
Não sei quantas operações ainda virão. Nem como se chamarão. Nem quantas CPIs ainda se instalarão. Nem como se comportarão. Espero que não se esgote a criatividade da PF. Nem as minhas esperanças.
Não tenho nenhuma expectativa de que as mudanças que a população tanto reclama, em termos de valores e referências, venha a ser concretizada de dentro para fora. As últimas pesquisas de opinião pública dão conta de que essa mesma população também não acredita mais nas suas instituições públicas. É que nunca, em nenhum momento da nossa história política, os três Poderes da República estiveram tão contaminados pela corrupção. Há um poder paralelo, que se entranha no Congresso, no Executivo e no Judiciário, que faz com que as instituições públicas percam a legitimidade diante da sociedade civil.
É por isso que, apesar das nossas melhores intenções, não há que esperar, a partir do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, pelo menos no curto prazo, as mudanças políticas, obviamente no espaço democrático, que a sociedade tanto reclama.
Ocorre que a realidade brasileira, hoje, tamanha a barbárie, não pode esperar mudanças além do curto prazo. E, aí, há que ter uma imensa mobilização de fora para dentro.
É preciso que o povo seja, de fato, senhor da história. Sujeito, e não objeto. É preciso que a sociedade brasileira volte a exercitar a força das ruas.
Um movimento, que poderia orientar-se sob o lema "Reage, Brasil". Ora, um país com tantas e tamanhas riquezas como o nosso não pode permanecer mergulhado na barbárie.
Não pode conviver com a corrupção, com a miséria e a pobreza, com a violência, com o analfabetismo e com tão precárias condições de vida.
Por isso, a conclamação. Que a população brasileira ocupe, de novo, de maneira pacífica e democrática, as ruas e exija mudanças de atitude dos gestores da coisa pública, em todos os níveis. Que reclame por uma reforma política que legitime, verdadeiramente, as suas instituições democráticas.
Que imponha o término da corrupção. Que obrigue o fim da impunidade, principalmente para quem se locupleta com o sagrado dinheiro público. Que reconstrua um Estado em novas bases, verdadeiramente voltado para a democracia, a soberania e a cidadania. E que as leis busquem, de fato, o interesse coletivo, e não a sanha perversa de alguns. E que todos sejam iguais perante a lei, como determina a nossa Constituição Federal.
Ainda está presente na nossa memória o movimento das Diretas-Já, que marcou um dos momentos mais sublimes da nossa história e deu suporte para a abertura política e o resgate das liberdades democráticas.
Quem não se lembra dos jovens caras-pintadas, movimento que também ocupou as ruas de todo o país na luta contra a corrupção? Quem não se lembra de tantos outros momentos em que a sociedade ditou, verdadeiramente, os melhores rumos para a construção da história do país?
É hora de a sociedade organizada reagir. A partir dos movimentos das igrejas, das escolas, das famílias, dos sindicatos, das organizações de classe. Reagir, em todos os sentidos da palavra e da ação: de demonstrar reação, de protestar, de se opor, de lutar, de resistir. De agir, de novo.
A decência vai aonde o povo está.


PEDRO SIMON, 77, advogado, é senador da República pelo PMDB-RS. Foi líder do governo no Senado Federal (governo Itamar Franco), governador do Rio Grande do Sul (1987-91) e ministro da Agricultura (governo Sarney).

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Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1706200709.htm